Depois de uma semana de ausência aqui estou eu, de volta a este cantinho de que tanto gosto e tanto me faz bem.
Não foi uma semana fácil, tal como não têm sido fáceis os meus dias, semanas ou meses…cuidar de duas gêmeas sozinha, quase 24h/24h não é tarefa fácil, mesmo para bebês mais tranquilos acredito que não seria, mas com as traquinices das Marias, ainda mais complicado se torna.
Juro que pensei que ia ser diferente, nunca imaginei este cenário. Aos 4 meses de gravidez já andava à procura de creches para, assim que terminasse a licença de maternidade, as minhas meninas terem onde ficar. Mal eu sabia o que me esperava. Quando nasceram, às 25 semanas de gestação, a minha principal preocupação era se as minhas meio kilo de gente iriam sobreviver. À medida que foram crescendo, surgiram os medos das sequelas, das infeções e, finalmente, o medo de como seriam as coisas em casa. Mas, ao mesmo tempo que sentia medo, sempre senti uma grande confiança e optimismo, o que ajudou a que tudo fosse menos difícil. Hoje, a ideia das creches está colocada de lado, dado que, como bebés prematuros extremos com algumas sequelas pulmonares, quero que fiquem em casa pelo menos até aos 3 anos. Assim, não me resta alternativa para já senão ser eu a cuidar delas 24/24h até arranjar uma ama.
As Marias, enquanto estavam internadas, eram calminhas. Apesar de, como todos, terem dias mais agitados, sempre demostraram um lado calmo. Por isso sempre achei que iria ser fácil cuidar das duas sozinha durante o dia e ao final do dia cuidar delas com a ajuda do pai. Ai como eu estava enganada! Graças a Deus que a minha mãe não me deu ouvidos e veio umas semanas ajudar (nunca lhe vou conseguir pagar a ajuda que ela tem sido). Primeiro, foram as noites sem dormir pela preocupação de poderem não estar bem ou deixarem de respirar. Depois, o cansaço começou a querer vencer, e veio a fase de ter muita vontade de dormir, mas elas não deixarem. Cada uma dormia a uma hora diferente, uma acordava a outra, e era simplesmente impossível dormir, de dia ou de noite. Para além disso, os inúmeros biberões e “maminhas”, registar tudo (todos os xixis, cocos, mamadas, biberões, sono, etc) não nos deixavam descansar um minuto. Percebemos então a importância de estabelecer rotinas e, nas semanas em que as tentámos estabelecer, o cansaço foi tanto que acreditem que foram das semanas mais difíceis de todas.
Agora estão mais crescidas, estou há precisamente 6 meses a cuidar e a viver apenas para elas, porque ainda estou de licença (pedi a licença alargada), mas acima de tudo, porque amo cuidar delas, apesar de tudo o que implica: 5 refeições por dia, sopa, fruta, iogurte/bolacha, papa e leitinho, várias sestas, esterilizar e lavar biberons, brincar, estimular, dois banhos por dia, cortar 40 unhas de 3 em 3 dias (fora as minhas), birras, muita roupa para lavar, secar, passar, uma casa para cuidar, almoços e jantares para fazer e do muito cansaço, físico, mas acima de tudo, emocional, pelo medo de algo acontecer, e pela responsabilidade que implica estar permanentemente com elas. Quando o pai chega ao fim do dia é uma alegria e um verdadeiro alívio, fico bem mais tranquila! Ele também é um super pai que, apesar do cansaço do trabalho, cuida das 3 miúdas cá de casa, ajuda na pápa, no banho, nos colos, no nosso jantar, e no sono das Marias, dormindo por vezes apenas 3 horas por noite… Juro que pensei que era mais fácil. As semanas em que a minha mãe esta connosco facilita tudo, tudo parece mais fácil, e tudo fica realmente mais fácil. Uma terceira ajuda é fundamental, é essencial à nossa sanidade mental, quando ela chega parece que estamos a ver um anjo a chegar a nossa casa.
Mas apesar de todo o cansaço físico e mental, apesar das poucas horas de sono, apesar de todas as actividades e trabalho que implica cuidar de duas meninas e apesar do pouco (ou nenhum) tempo que tenho para mim, a alegria, o calor, a leveza, a simplicidade, a felicidade e o amor presente em cada suspiro, em cada sorriso, enchem-me o coração e a alma, e fazem tudo valer a pena!
4 Comments
Olga Fernandes
Débora revejo-me em cada uma das tuas palavras porque também estive com elas em casa até aos 3 anos… e no último ano com a agravante de o pai estar a trabalhar longe e só vir ao fim de semana. Quando a avó nos vem fazer companhia é uma lufada de ar fresco.
Teresa Filipe
Todos os meus medos e receios refletem se neste post principalmente o medo de n conseguir tratar bem delas primeiro o medo e a incerteza do extremo da prematuridade (24 semanas) depois acresce muitos e muitos mais. Boa sorte para a mãe das Marias 🙂
Cláudia de Fonseca Camelo
Olá, os meus gémeos nasceram de 32 semanas e já têm hoje 2 anos e 3 meses, estão óptimos e apesar das traquinices já têm mais um irmão de 1 ano e 2 meses e vão ter outro em Fevereiro :). Todos nos chamam loucos, mas com muito amor e calma tudo se faz e os filhos são de facto a alegria de uma casa :). Força!
Débora Barroso
Obrigada Mães pelas vossas mensagens e tesmunhos:) É bom saber que não estamos sozinhos nesta aventura de sermos pais de gémeos:) Mil beijinhos a todas e obrigada por nos seguirem 🙂