O nosso consultório tem sido um sucesso, e ao longo destas duas semanas, têm sido muitas as dúvidas que têm sido colocadas.
Hoje decidimos publicar, com a devida autorização, as 4 perguntas mais pertinentes desta semana, por serem dúvidas que são bastante frequentes, de forma a poder ajudar outras pessoas com as mesmas dúvidas.
Obrigado a todos!!
Nós e as Marias
Pergunta 1
Boa tarde, Dr. André
Peço desculpa pelo incómodo.
Gostaria de saber se posso comer marisco estando a amamentar? Faz mal ao bebecas?
Peço desculpa pelo incómodo.
Gostaria de saber se posso comer marisco estando a amamentar? Faz mal ao bebecas?
Resposta:
Olá Mãe!!! =))
No que diz respeito à alimentação da mulher durante a amamentação (e também no que diz respeito à alimentação do bebé a partir do momento em que se inicia a diversificação alimentar), muitas dúvidas têm existido desde sempre, e muito se tem dito, muitas vezes coisas contraditórias. Mesmo entre os médicos, se fizer esta mesma pergunta a 10 médicos diferentes, provavelmente obterá diversas respostas diferentes.
As próprias recomendações das principais sociedades de pediatria e gastroenterologia têm mudado, e algumas das coisas que eram verdade há 10 anos, hoje já não o são.
Posto isto, o que lhe posso dizer é apenas a minha opinião, baseada em tudo o que de mais recente tenho lido.
Não existe nenhum alimento que a mulher que está a amamentar esteja absolutamente proibída de comer. Tem-se percebido que comer determinados alimentos como o marisco não aumenta a probabilidade dos bebés virem a ter alergias (sendo que esse era um dos medos e muitas vezes o motivo por que se proibia o marisco na grávida) e tem-se percebido inclusivamente que uma maior diversidade de alimentos diferentes pode até ser útil para estimular o paladar do bebé pela diversidade de sabores a que está exposto. Obviamente, como em tudo, deve imperar o bom senso. Se se sente que determinado alimento que come se torna desconfortável para o bebé, por aumentar as cólicas por exemplo, deve evitá-lo, mas não existe indicação formal para proibir, à partida, nenhum tipo de alimento.
Espero que tenha ficado elucidada. Qualquer dúvida, cá estamos!
Beijinhos natalícios!!!
Nós e as Marias
Pergunta 2:
Olá, boa noite.
O meu pequenote tem 3 meses, e há dois dias pra cá que tem o nariz entupido, quando ele respira ouve-se género de ronronar se me faço entender. Tenho lhe posto soro e em seguida faço aspiração. Tenho também feito vapores. Mas ele não ta melhorzinho 😔. O que me aconselha a fazer?
Desde já agradeço a vossa ajuda.
Resposta:
Olá Mãe!!
Se ele tem apenas o que me refere, ou seja, nariz entupido, sem quaisquer outros sintomas acompanhantes, provavelmente tem apenas uma rinofaringite comum, muito provavelmente causada por um virus (a vulgar constipação).
O mais importante é fazer aquilo que já está a fazer, ou seja, uma boa higiene nasal (soro no nariz várias vezes ao dia, seguido da aspiração das secreções).
É também importante elevar a cabeceira da cama (colocar por exemplo livros debaixo dos pés do berço, ou um pano dobrado por baixo do colchão, algo de forma a que, mantendo o corpo direito, a cabeça fique mais elevada que os pés) porque de noite, com a obstrução nasal, se estiverem completamente horizontais terão maior dificuldade em respirar.
Quanto aos vapores (e até mesmo a aspiração das secreções…), eu costumo aconselhar se os pais perceberem que são eficazes, mas a sua utilização é controversa.
Habitualmente estes quadros demoram em média cerca de uma semana a passar.
É importante estar atenta aos eventuais sinais de alarme, que serão dificuldade a respirar (nota-se que existe dificuldade a respirar quando se notam covinhas entre as costelas que surgem com a inspiração – tiragem, quando o esforço para respirar é tal que leva a que as asinhas do nariz abram durante a inspiração – adejo nasal; ou quando a frequencia respiratória está muito aumentada, e ele respira mais rápido que o habitual); prostração (notá-lo bem mais murchinho que o habitual), ou diminuição da alimentação (que se valoriza quando ele come durante pelo menos um dia inteiro menos de metade que o que habitualmente come).
Nestes quadros pode surgir febre, mas habitualmente é uma febre baixa, que cede facilmente com o ben-u-ron. Se ele tiver febre alta (acima dos 38,5ºC se for medida debaixo da axila) que nao baixe com o ben-u-ron, é também sinal de alarme.
Acho que esta é a informação mais importante, e espero que a tenha esclarecido.
De qualquer das formas, na dúvida, é sempre preferível ser consultada pessoalmente por um médico 😉
As melhoras para o seu pimpolho, e muitas felicidades para vocês!!
Beijinhos!!
Nós e as Marias
Pergunta 3:
Olá Boa Tarde,
Tenho seguido o vosso blogue e deparei-me com o consultório particular.
Estou quase há 2 anos a tentar engravidar mas sem sucesso. Gostaria de saber o que fazer, que passos tenho que continuar a dar?
Obrigada
Resposta:
Olá Mãe!!
Se tem médico de familia é importante que vão, enquanto casal, a uma consulta onde ele vos fará uma avaliação inicial.
Antes de mais é importante perceber se existe infertilidade ou não. Considera-se infertilidade do casal quando, ao fim de um ano a tentar engravidar, não se consegue.
Mas é importante que nesse ano que se está a tentar engravidar se cumpram algumas regras.
Primeiro, é importante que ambos façam um estilo de vida saudável! Alimentação equilibrada, e exercício físico regular. E evitem alcool e tabaco que diminuem bastante a fertilidade!!!
Depois, é importante perceber quando a mulher tem a ovulação. E existem várias formas para o fazer:
– Habitualmente a ovulação ocorre 14 dias antes do primeiro dia da menstruação, ou seja, se tem as menstruações regulares, é facil “prever” quando estará a ovular, basta subtrair 14 dias ao número total de dias do ciclo e assim tem-se uma ideia do dia certo de ovulação (dou um exemplo para perceber melhor, se tem sempre ciclos de 30 dias, 30-14=16, logo, em principio a ovulação aconteceria 16 dias depois do 1º dia de menstruação. Esta é uma forma de perceber quando é a ovulação, mas só funciona quando os ciclos sao regulares).
– Outra forma de perceber quando tem a ovulação é estar atenta ao muco vaginal. No periodo da ovulação, o muco ganha uma consistencia diferente, tipo clara de ovo, em que se o colocar entre dois dedos e afastar os dedos, ele “estica formando um fio”.
– Outra forma ainda de perceber quando está em ovulaçao (esta a mais importante), é medindo e registando a sua temperatura rectal TODOS os dias assim que acorda, ainda sem sair da cama. Vai perceber que a sua temperatura na primeira metade do ciclo (ou seja, habitualmente nos primeiro 14-15 dias) é sempre semelhante, depois no dia da ovulação existe um ligeiro aumento da temperatura (habitualmente cerca de 0.5ºC) e depois na segunda fase do ciclo, ou seja, nos dias restantes até à menstruação, a temperatura mantem-se sempre assim mais elevada. O dia em que existe o aumento da temperatura é o dia da ovulação. Isto é o que acontece na maioria das mulheres, mas há mulheres em que a temperatura não evolui desta forma, e quando isso acontece, para alem de nao se conseguir perceber o dia da ovulação, pode ser mais difícil da mulher engravidar.
Depois, para engravidar, tem mesmo de existir relações no período da ovulação (normalmente entre os 4 dias antes e 4 dias depois da ovulação). Se tiverem no dia da ovulação, a probabilidade de engravidar é maior! 😉
Quando a frequência das relações é excessiva, pode também não ser benéfico pelo facto de o homem não conseguir concentrar esperma Suficiente. Também se a frequência de relações for muito pequena, a probabilidade de engravidar será menor. Apesar de não ser algo muito linear, pode-se dizer genericamente que a frequência ideal será de 2 em 2 dias ou de 3 em 3 dias.
Posto tudo isto, se ao fim de um ano a tentar engravidar, cumprindo estas regras, não se consegue, diz-se que o casal é infértil.
Posso dizer-lhe que em cerca de 1/3 dos casos a causa da infertilidade é da mulher, em 1/3 é do homem, e em 1/3 não se encontra nada de anormal em nenhum dos elementos do casal, e simplesmente aquele casal não consegue engravidar.
É importante também logo numa avaliação inicial perceber se existem por parte das duas pessoas um estilo de vida saudável (como lhe disse, álcool, tabaco, má alimentação, etc. prejudicam a fertilidade!); se algum dos elementos faz alguma medicação que prejudique a fertilidade (alguns antidepressivos, medicamentos para a hipertensão arterial, medicamentos para a próstata, etc.); qual o método contraceptivo que fazia antes; se ambos têm doenças conhecidas (algumas doenças prejudicam a fertilidade), se já houve história de traumatismos ou infecções genitais no homem ou na mulher que pudessem ter prejudicado a fertilidade (nao se assustem as mulheres que as candidíases e algumas outras infecções vaginais frequentes não prejudicam a fertilidade, refiro-me sim a infecções no útero, ou nas trompas; no homem uma infecção prévia nos testículos pode ter influência na fertilidade); se existem factores ambientais que possam também prejudicar a fertilidade (por exemplo o calor no local dos genitais do homem diminui a fertilidade, assim os jeans justos no homem ou calor local constante, como por exemplo os camionistas que estão constantemente sentados e por isso com a zona genital mais quente pode levar a diminuição da fertilidade).
Depois de fazer esta historia toda certinha, o seu medico há de pedir alguns exames (ao homem pede apenas espermograma, à muher pede umas analises de sangue com uma serie de parâmetros, que terá de fazer na primeira metade do ciclo e outras que terá de fazer na segunda metade do ciclo menstrual + uma ecografia para ver útero, ovários, etc).
O que pode fazer para adiantar trabalho, quando for ao médico, é levar já um registo, durante 3 ciclos menstruais inteiros, da sua temperatura rectal quando acorda. É algo que lhe vão pedir de certeza e se levar já isso adianta já trabalho.. 😉
Se tiver médico de família, ele será a pessoa indicada para lhe fazer toda esta avaliação, e depois enviar a uma consulta de infertilidade já com todos os exames realizados e com o registo da temperatura durante 3 ciclos.
Se não tiver médico de família, poderá ir a uma consulta com um ginecologista. Existem ginecologistas que estão mais vocacionados para esta área especfica, é uma questão de se informar.
Espero que tenha ajudado e que a tenha esclarecido!!
Qualquer duvida, estamos cá para tentar esclarecer 😉
Beijinhos, muita felicidade, e muita sorte!! 😀
Nós e as Marias
Pergunta 4
Olá, daqui a um par de semanas chegam os meus gémeos. Tenho acompanhado o vosso blog e a vossa história maravilhosa! Queria fazer-vos uma pergunta: Estou de 34 semanas e a fazer uma retenção de líquidos enorme, ao ponto de me doerem os pés de tão inchados que estão. Horrível mesmo! Não tive nada disto na minha primeira gravidez… Falaram-me que drenagens linfáticas manuais poderiam ajudar a aliviar, mas não sei se está indicado para nós (grávidas gemelares finais de termo) ou não. Tenho algum receio de fazer mas por outro lado, estou desesperada… Sabe se podemos fazer?? MUITO obrigada pela ajuda
Resposta:
Olá Mãe!!
Antes de mais, parabéns pela gravidez, e parabéns pelos gémeos!!! Apesar de todo o trabalho que provavelmente darão, acredite que são verdadeiramente uma benção, e é mesmo muito bom termos gémeos! Nós andamos cansados, mas deliciados!
Quanto à questão que me colocou, não tem problema nenhum fazer drenagem linfatica, desde que a drenagem se limite aos membros inferiores obviamente.. Vai até ajudar bastante, e acaba por ser uma óptima forma de relaxar =))
Existem também outras formas de ajudar na retenção de líquidos. Evitar ambientes demasiado quentes, fazer o máximo de repouso (e numa gravidez gemelar com 34 semanas acredito que já estará em casa em repouso, se ainda nao está, deveria) mas esse repouso convém ser com elevação dos membros inferiores.
Depois ainda há medicação que pode ajudar, mas que na gravidez prefiro não receitar (se bem que nesta fase, em princípio não teria problema, mas se conseguirmos controlar os sintomas com medidas não farmacológicas acho preferível).
Espero ter ajudado =))
Beijinhos grandes, parabéns, e muuuitas felicidades!!!!!
1 Comments
Anónimo
Só passei para dizer que adoro a ideia de um consultório " á mão ", vai ser de certeza um sucesso e uma preciosa ajuda ás mamãs que muitas vezes se acanham de ligar ao pediatra porque acham que o vão incomodar com uma qualquer pergunta sem importância nenhuma.. 🙂