Querida Filha,
Não foi fácil escrever só para ti, sobre ti e principalmente sobre aquilo que sinto quando olho para ti. O teu jeito desarrumado, o teu feitio difícil e doce ao mesmo tempo, a tua alegria, as tuas birras, as tuas conversas, o teu choro, o teu olhar, os teus beijos e os teus abraços… nem imaginas o quanto te amo o quanto desejo que sejas sempre feliz.
Sempre quis ser mãe muito cedo e sempre desejei muito ter uma filha… uma Maria do Mar. Não foi assim tão cedo, nem muito tarde, acho que foi na altura certa. O teu nome já estava escolhido há muito tempo, sempre adorei Maria e o Mar veio pela paixão e admiração que tenho por ele, mal sabia eu que ia casar com um surfista que ainda adora o mar mais do que eu. Também mal sabia eu que em vez de uma filha vinham duas, então disse à médica que a primeira que nascesse seria a Maria do Mar e assim foi.
Gosto tanto de ti e da tua mana, amo as vossas diferenças que são elas que me completam todos os dias, tu és mais parecida comigo quando era da tua idade (pelo menos assim dizem os meus pais) mais traquina, mais alegre (enches uma casa com tanta alegria), adoras cantar e dançar, falar muito, adoras desenhar… tudo o que seja arte, és atenta e preocupada, independente (adoras fazer tudo sozinha), gostas de mandar, gostas de ter o teu espaço, precisas de atenção e de pessoas por perto…és tão especial assim como a tua mana. São as melhores prendas que tive na vida.
Quando nasceste não te vi, não te peguei ao colo, não te dei de mamar, não te ouvi chorar…foi uma dor que nem consigo definir ou melhor explicar, acho mesmo que so quem passa pela aflição de não saber se o nosso filho esta vivo e bem.
Soube pelo pai que estavas bem umas horas depois de tu e a mana nascerem mas so mais tarde vi o quanto foi difícil para te reanimarem e te estabilizarem, ainda hoje olho para a tua nota de alta e as lagrimas voltam e o aperto no coração aparece, tu foste um milagre e porque por mais forte que tenha sido o amor e a nossa vontade de cuidar de ti, foste tu que tiveste a coragem de lutar para hoje estares tão bem e feliz.
És e serás o meu grande orgulho e a minha heroína juntamente com a mana. Voces são os meus milagres. Obrigada filha
Sou tão agradecida por vos ter comigo todos os dias.
da tua mãe que te ama todos os segundinhos
Nota: Para quem não leu deixo aqui a carta que escrevi para a mana : A melhor Surpresa da minha vida!
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4 Comments
Anónimo
Lindo texto �� repleto de emoção e sentimento.. Porque vocês seram sempre felizs todos juntinho, pois merecem ❤
Filipa
Patusca80
Como me identifico nas suas palavras… Não consegui conter as lágrimas! O meu milagre dorme aqui ao meu lado… Beijinhos
Sandrine
Entendo tão bem o que queres dizer…também guardo a mágoa de não ter assistido ao nascimento das minhas gémeas, de não as ter ouvido chorar, de não lhes ter dado de mamar, de não as ter ao meu lado no berço, de apenas as ver muitas horas depois e de apenas na alta me derem noticiado que uma delas tinha sido reanimada ao nascer! São momentos muito dolorosos para que nenhuns pais estão preparados mas o facto de as termos nas nossas vidas compensa tudo!
Parabéns pela mãe que és e pelas tuas guerreiras, beijinhos gdes
Sara Calão
Ainda a gravidez ia no início quando me deram a conhecer o seu blog. Coincidências ou não, também eu esperava duas Marias (apressadas), que nasceram no dia 17 de Março deste ano, com 25 semanas e 3 dias, com pesos idênticos e no mesmo hospital. Infelizmente não tive o mesmo final feliz. A Maria Leonor só esteve connosco 6 dias e a Maria Rui 20 dias. Revejo-me nas suas palavras quando fala na mágoa de não as ter visto nascer, apesar de ouvir um pequeno choro da MR e do Dr. Duarte me ter mostrado a carinha dela antes de as levarem para a UCIN, de não as ter comigo no quarto. De não lhes ter dado colo, e só ter tido oportunidade de o fazer no momento mais duro da curta vida delas. O vosso testemunho nas paredes da UCIN foi um dos que nos agarrámos para continuar a ter esperança ao logo da nossa aventura ,tanto na UCIN do SFX como na Estefânia. Obrigada
A si e às suas Marias, desejo-lhe o melhor.